Provincializando o Espaço Sideral
uma leitura da insurgência quilombola contra as regimes de futuro do Programa Espacial em Alcântara
DOI:
https://doi.org/10.14244./2238-3069.2025/37Palavras-chave:
colonialidade do tempo, quilombos, Alcântara, espaço sideral., epistemologias subalternas.Resumo
Este artigo propõe uma crítica à colonialidade do tempo nos projetos espaciais contemporâneos, ao introduzir o gesto de provincializar o espaço sideral como operação metodológica. Inspirado em Chakrabarty, argumenta-se que o espaço não é neutro, mas cronologia moderna que transforma o futuro em propriedade tecnocientífica. Com base no conflito entre o Centro de Lançamento de Alcântara e o Quilombo Mamuna, interpreta-se o território como nó temporal insurgente. O Mamuna resiste não apenas à remoção, mas ao apagamento epistêmico. Ao articular autores pós-coloniais e relatos quilombolas, propõe-se uma escuta radical dos tempos desautorizados. Provincializar o espaço é submeter a ciência à crítica de outros mundos possíveis.
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