Contra a pedagogia da punição, uma pedagogia abolicionista

ficções visionárias e justiça transformativa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14244./2238-3069.2025/36

Palavras-chave:

abolicionismo, ficções visionárias, justiça transformativa

Resumo

Este artigo propõe uma reflexão crítica sobre o entrelaçamento entre as ficções visionárias e a justiça transformativa enquanto metodologias e visões de mundo capazes de produzir novos imaginários e experiências para a reorganização das relações comunitárias. Na primeira parte, retomamos conceitos de Sayak Valencia e Ruth Gilmore para descrever as violências estruturais e suas reverberações nas violências interpessoais. A partir disso, descrevemos nossa aproximação com as ficções visionárias de Walidah Imarisha como forma de experimentar novas formas de imaginar e produzir relações comunitárias e justiça. Na segunda parte, apresentamos conceituações de Justiça Transformativa elaboradas por autoras como adrienne maree brown e Mariame Kaba e Denise Ferreira da Silva, entendendo que se retroalimentam enquanto processos criativos e comunitário de cuidado e justiça.

Biografia do Autor

Murilo Moraes Gaulês, ECA/USP

Pós doutorando em Artes pela ECA/USP. Doutor em Corporeidades, Memórias e Representações Cênicas Contemporânea e Mestre em Teoria e Prática do Teatro pela ECA/USP. É fundador da CiA dXs TeRrOrIsTaS e coordenador do curso de extensão "Teatro, Prisão e a busca por novos imaginários possíveis" vinculado ao LADCOR/USP.

Victor Siqueira Serra, FCHS/UNESP Franca

Doutorando, Mestre e Graduado em Direito pela UNESP. Especialista em Políticas Públicas e Socioeducação. Pesquisador do NEPAL (Núcleo de Estudo e Pesquisa em Aprisionamentos e Liberdades) e do GEVAC (Grupo de Estudos sobre Violência e Administração de Conflitos).

Referências

brown, adrienne maree. We Will Not Cancel Us: And Other Dreams of Transformative Justice. California: AK Press, 2020.

CR10, Publication Collective. Abolition Now!: Ten Years of Strategy and Struggle Against the Prison Industrial Complex. AK Press: California, 2008.

DAVIS, Angela Y. Estarão as prisões obsoletas? São Paulo: DIFEL, 2018.

DUARTE, Constância Lima; NUNES, Isabella Rosado. Escrevivência: a escrita de nós - reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo. Rio de Janeiro: Mina Comunicação e Arte, 2020. Disponível em: https://www.itausocial.org.br/wp-content/uploads/2021/04/Escrevivencia-A-Escrita-de-Nos-Conceicao-Evaristo.pdf

GAULÊS, Murilo Moraes; Concílio, Vicente; IMARISHA, Walidah. Ficções visionárias: intersecções criativas entre ficção científica, teatro e mudança social. Pitágoras 500, Campinas, SP, v. 14, n. 00, p. e024010, 2024. DOI: 10.20396/pita.v14i00.8676507. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/pit500/article/view/8676507. Acesso em: 2 jun. 2025.

GAULÊS, Murilo Moraes; NEDER, Maria Galindo; GARCIA, Lia; VALENCIA, Sayak. O dentro, o fora e o vão no meio: epistemologias libertárias e práticas cênicas abolicionistas. Urdimento - Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, v. 1, n. 50, p. 1–23, 2024. DOI: 10.5965/1414573101502024e0109. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/urdimento/article/view/25139. Acesso em: 2 jun. 2025.

GAULÊS, Murilo Moraes; SERRA, Victor Siqueira. Fractos Corpografados: uma experiência de arte abolicionista ou estilhaços de dor também podem refletir um arco-íris. Revista Latino-Americana de Criminologia, [S. l.], v. 1, n. 2, p. 87–113, 2021. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/relac/article/view/39365. Acesso em: 11 jul. 2025.

GILMORE, Ruth W. Califórnia Gulag: prisões, crise do capitalismo e abolicionismo penal. São Paulo: Igrakniga, 2024.

HULSMAN, Louk; CELIS, Jacqueline Bernat de. Penas Perdidas: O sistema penal em questão. 3ª ed. Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2018.

IGRÁKNIGA, Editorial. Publicação da @amigosenff & @movimentosemterra. “A abolição requer que mudemos uma coisa: TUDO!”. Instagram, 2025. Disponível em: https://www.instagram.com/reel/DLFcOrJRhm-/?igsh=ZTBvYW1ocnZvZXZv. Acesso em 10 jul. 2025.

IMARISHA, Walidah. Reescrevendo o futuro: usando ficção científica para rever justiça. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2016. Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/378747787/Walidah-Imarisha-22Reescrevendo-o-futuro-22-pdf> Acesso em 25 out. 2024.

KABA, Mariame. We do this ‘till we free us: abolitionist organizing and transforming justice. Chicago: Haymarket Books, 2021.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: n-1 edições, 2018

MOMBAÇA, Jota. Rumo a uma redistribuição desobediente de gênero e anticolonial da violência! São Paulo: 32ª Bienal de São Paulo - Incerteza Viva. Disponível em: https://imgs.fbsp.org.br/files/62cc76f73d2d77003436339c56954187.pdf. Acesso em 05 jun. 2025

RODRIGUES, Ana Cristina. O discurso de Ursula K. Le Guin no National Book Award de 2014. Medium. 2018. Disponível em <https://medium.com/especulativa/o-discurso-de-ursula-k-le-guin-no-national-book-award-de-2014-5d5f13c9f829>

VALENCIA, Sayak. Capitalismo Gore. São Paulo: sobinfluencia edições, 2024.

SILVA, Denise Ferreira; SILVA VILELA, Ana Laura; ARAÚJO LOPES, Juliana. Especulações sobre uma Teoria Transformativa da Justiça. Revista Direito e Práxis, [S. l.], v. 16, n. 1, p. 1–12, 2025. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/revistaceaju/article/view/87348. Acesso em: 10 jul. 2025.

ZAFFARONI, Eugenio Raul; BATISTA, Nilo; ALAGIA, Alejandro; SLOKAR, Alejandro. Direito Penal Brasileiro: primeiro volume - Teoria Geral do Direito Penal. 4 ed. Rio de Janeiro: REVAN, 2011.

Downloads

Publicado

2025-12-19