Interfaces da Reforma do Estado

Mercantilização da Educação e o "preço do conhecimento"

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14244./2238-3069.2025/05

Palavras-chave:

Educação Superior, Ensino Médio, Neoliberalismo, Políticas Educacionais, Produção de Conhecimento

Resumo

Este artigo analisa como a Reforma do Estado brasileiro reconfigurou a educação como mecanismo de acumulação capitalista. Trata como políticas educacionais priorizam habilidades técnicas em detrimento do pensamento crítico, enquanto programas convertem diplomas em dívidas, alimentando conglomerados educacionais. A contradição neoliberal revela-se na dualidade entre retórica inclusiva e apartheid educacional, onde elites acessam formação qualificada e periferias recebem ensino precarizado. A erosão do PNE, aliada a iniciativas contraditórias, expõe o projeto de silenciamento político-pedagógico. A mercantilização, que exporta cérebros para servir a interesses corporativos, demanda resgatar a educação como eixo de soberania, resistindo à lógica que reduz salas de aula a fábricas de mão de obra subalterna.

Biografia do Autor

Everton Henrique Eleutério Fargoni, Universidade Federal de São Carlos

Professor e Pesquisador. Doutorado em Educação (UFSCar). Mestrado em Educação (UFSCar). Pedagogo (UFSCar). Licenciado em História e Filosofia. Pesquisador na Rede Nacional Universitas/BR - Eixo Produção de Conhecimento na Educação Superior e Pesquisador - Docente no Grupo de Estudos em Economia Política da Educação e Formação Humana (GEPEFH).

Mayna Zacarias, Universidade Federal de São Carlos

Professora e Pesquisadora. Doutoranda em Educação (UFSCar). Mestrado em Educação (UFSCar). Pedagoga (UFSCar). Licenciada em Geografia. Pesquisadora na Rede Nacional Universitas/BR - Eixo Produção de Conhecimento na Educação Superior.

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Publicado

2025-07-01