Tempos de trabalho e não-trabalho a partir do fluxo tensionado
DOI:
https://doi.org/10.14244./2238-3069.2025/03Palavras-chave:
Fluxo tensionado, Jornada de trabalho, Não-trabalhoResumo
O presente artigo parte da aparente incoerência entre a tendência majoritária, ainda que desacelerada, de redução global de horas trabalhadas e a presença do cansaço visceral que parece incontornável nas mais distintas ocupações do mundo contemporâneo. Como possível categoria explicativa para compreender essa relação, selecionamos o fluxo tensionado. Para a construção dessa argumentação, realizamos breves considerações do tempo de trabalho e não-trabalho no fluxo fordista, focando-nos, em seguida, naquele que o sucede – o tensionado. O tempo de não-trabalho sob o fluxo tensionado mantém, assim como no caso fordista, o fluxo; contudo, diferentemente deste, essa coesão não atua por uma demarcação socialmente promovida, mas por processos de difusão.
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