Tempos de trabalho e não-trabalho a partir do fluxo tensionado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14244./2238-3069.2025/03

Palavras-chave:

Fluxo tensionado, Jornada de trabalho, Não-trabalho

Resumo

O presente artigo parte da aparente incoerência entre a tendência majoritária, ainda que desacelerada, de redução global de horas trabalhadas e a presença do cansaço visceral que parece incontornável nas mais distintas ocupações do mundo contemporâneo. Como possível categoria explicativa para compreender essa relação, selecionamos o fluxo tensionado. Para a construção dessa argumentação, realizamos breves considerações do tempo de trabalho e não-trabalho no fluxo fordista, focando-nos, em seguida, naquele que o sucede – o tensionado. O tempo de não-trabalho sob o fluxo tensionado mantém, assim como no caso fordista, o fluxo; contudo, diferentemente deste, essa coesão não atua por uma demarcação socialmente promovida, mas por processos de difusão.

Biografia do Autor

Isabela Wender Lourenço Fernandes, Universidade de São Paulo

Graduada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), no curso de Ciências Sociais, no grau de Licenciatura. Mestranda em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), no curso de Sociologia. Especializanda pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no curso de Ensino de Filosofia.

Referências

AGGER, B. Time Robbers, Time Rebels: Limits to Fast Capital. In: HASSAN, R.; R. E. PURSER (eds.). 24/7: time and temporality in the network society. Stanford, California: Stanford University Press, 2007.

ALMEIDA, C. 45% dos brasileiros acham que as redes sociais fazem mal à sua saúde mental. Galileu, 06 nov 2024. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/saude/noticia/2024/11/45percent-dos-brasileiros-percebem-efeitos-negativos-das-redes-sociais-na-saude-mental.ghtml. Acesso em: 10 dez 2024.

ANABLE, A. Labor/leisure. In: BURGES, J.; ELIAS, A. J. Time: A vocabulary of the present. New York: New York University Press, 2016. p. 192-208.

AQUINO, C. A. B.; MARTINS, J. C. de O. Ócio, lazer e tempo livre na sociedade do consumo e do trabalho. Revista Subjetividades, v. 7, n. 2, p. 479-500, 2007. Disponível em: https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/1595. Acesso em: 26 nov 2024.

BRAVERMAN, H. Trabalho e Capital Monopolista: A Degradação do Trabalho no Século XX. Rio de Janeiro: Zahar Editores S.A., 1974.

CIANFERONI, N. Travailler dans la grande distribution: La journée de travail va-t-elle redevenir une question sociale ?. Zurich et Genève: Éditions Seismo SA, 2019.

COLLUCI, C. 40% dos brasileiros relatam medo de serem julgados nas redes, diz Datafolha. Folha de S. Paulo, São Paulo, 15 set 2022. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2022/09/40-dos-brasileiros-relatam-medo-de-serem-julgados-nas-redes-diz-datafolha.shtm. Acesso em: 10 dez 2024.

CORIAT, B. El Taller y El Cronómetro: Ensayo sobre el taylorismo, el fordismo y la producción en masa. Madrid: Siglo Veintiuno, 1982.

CROWTHER, S. Henry Ford: Why I favor five days’ work with six days’ pay. World’s Work Magazine, v. 7, n. 6, p. 613-616, 1926. Disponível em: https://ericdodds.com/wp-content/uploads/2019/07/08e9e-the-worlds-work-october-1926-samuel-crowther-henry-ford-why-i-favor-five-days-work-with-six-days-pay.pdf. Acesso em: 26 nov. 2024.

DAL ROSSO, S. Jornada de trabalho: duração e intensidade. Ciência e cultura, v. 58, n. 4, p. 31-34, 2006. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252006000400016. Acesso em: 26 nov 2024.

DURAND, J.-P. A refundação do trabalho no fluxo tensionado. Tempo social, v. 15, p. 139-158, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ts/a/fk93cjKJG3Cm5pXHWJXbcvL/?lang=pt. Acesso em: 2 nov 2024.

DURAND, J.-P. Creating the New Worker: Work, Consumption and Subordination. Cham, Switzerland: Palgrave Macmillan, 2019.

FOSTER, J. B. The fetish of Fordism. Monthly Review, v. 39, n. 10, p. 14-34, 1988.

FUCHS, C. Digital prosumption labour on social media in the context of the capitalist regime of time. Time & Society, v. 23, n. 1, p. 97-123, 2014. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/epub/10.1177/0961463X13502117. Acesso em 20 nov 2024.

FUCHS, C. Dallas Smythe and Digital Labor. In: MAXWELL, R. (ed). The Routledge companion to labor and media. New York, NY: Routledge, 2017.

HARVEY, D. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 7. ed. São Paulo: Loyola, 2008.

HESMONDHALGH, D. User-generated content, free labour and the cultural industries. ephemera, v. 10, n. 3/4, p. 267-284, 2010. Disponível em: https://www.ephemerajournal.org/sites/default/files/10-3hesmondhalgh.pdf. Acesso em: 2024.

KELLY, J. R. Work and leisure: A simplified paradigm. Journal of Leisure Research, v. 4, n. 1, p. 50-62, 1972. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/00222216.1972.11970057. Acesso em: 25 nov 2024.

KEYNES, J. M. Economic Possibilities for Our Grandchildren. KEYNES, J. M. Essays in Persuasion. New York: W. W. Norton & Company, Inc, 1963. p. 358-374.

LOVINK, G. Indifference of the Networked Presence: On Time Management of the Self. In: HASSAN, R.; R. E. PURSER (eds.). 24/7: time and temporality in the network society. Stanford, California: Stanford University Press, 2007.

MARX, K. O capital: crítica da economia política: livro I: o processo de produção do capital. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2017.

OUR WORLD IN DATA. Our World in Data baseado em Huberman & Minns (2007) e PWT 9.1 (2019), processado por Our World in Data. “Average annual working hours per worker” [dataset]. 2024. Disponível em: https://ourworldindata.org/grapher/annual-working-hours-per-worker?country=GBR~DEU~USA~FRA~SWE~AUS~BEL~BRA~CHN. Acesso em: 05 dez 2024.

PNADC, 2024. Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua trimestral: Tabela 6373 - Média de horas habitualmente trabalhadas por semana e efetivamente trabalhadas na semana de referência, no trabalho principal e em todos os trabalhos, das pessoas de 14 anos ou mais de idade, por nível de instrução. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/6373#notas-tabela. Acesso em: 05 dez 2024.

PRIMO, A. A grande controvérsia: trabalho gratuito na Web 2.0. In: RIBEIRO, J. C.; BRAGA, V.; SOUSA, P. V. Performances interacionais e mediações sociotécnicas. Salvador: EDUFBA, 2015. p. 57-85.

REVELEY, J. The exploitative web: Misuses of Marx in critical social media studies. Science & Society, v. 77, n. 4, p. 512-535, 2013. Disponível em: https://guilfordjournals.com/doi/abs/10.1521/siso.2013.77.4.512. Acesso em: 26 nov 2024.

ROJEK, C. Leisure theory: Retrospect and prospect. Loisir et société/Society and Leisure, v. 20, n. 2, p. 383-400, 1997. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/07053436.1997.10715549. Acesso em: 25 nov 2024.

SILVA, A. C. P. et al. A explosão do consumo de Ritalina. Revista de Psicologia da UNESP, p. 44-57, 2012. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/server/api/core/bitstreams/12df4931-90e6-4b81-8b54-a91c64ad6eb8/content. Acesso em: 26 nov 2024.

VARGAS, N. Gênese e difusão do taylorismo no Brasil. In: Revista Ciências Sociais Hoje. Rio de Janeiro: Vértice, 1985.

Downloads

Publicado

2025-07-01