Em defesa do direito de imaginar

a imaginação como ferramenta política de agência no afrofuturismo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14244/2238-3069.2025/27

Palavras-chave:

Afrofuturismo, Diáspora Africana, Representações culturais, Agência criativa negra, Imaginação

Resumo

Qual é a relação entre a imaginação de futuros e a diáspora africana? Muitos movimentos artísticos, linguagens estéticas e projetos políticos do universo cultural da diáspora africana articulam a imaginação como uma propriedade crítica e criativa para a elaboração de perspectivas alternativas de futuro focadas na experiência social negra. Neste contexto, o afrofuturismo possui um lugar de destaque, por suas contribuições estratégicas às formas de organização e mobilização de agência negra, e pela criação de epistemologias críticas à modernidade, apoiadas em temporalidades não-lineares que tensionam múltiplas abordagens afrodiaspóricas. Neste artigo, partimos dos Estudos Culturais para discutir os significados e os pressupostos conceituais do afrofuturismo, apontando para o valor político da imaginação como uma ferramenta de agência.

Biografia do Autor

Cairo Henrique dos Santos Lima, Universidade Federal de São Carlos

Bacharel em Ciências Sociais, mestre e doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Referências

AIN-ZAILA, Lu. Arquétipos afrofuturistas: as novas geografias da presença afrodiaspórica por negr@s na ficção especulativa. In: Assimetrias e (in)visibilidades: vigilância, gênero e raça. Salvador: VI Simpósio Internacional Lavits, 2019, p. 1-14

ANDERSON, Reynaldo. Afrofuturism 2.0 & the Speculative Art Movement: notes on a manifesto. In: The Black Speculative Arts Movement: black futurity, art + design. New York: Lexington Books, 2016, p. 230-238.

BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.

BRAH, Avtar. Decolonial Imaginings: Intersectional Conversations and Contestations. London: Goldsmiths Press, 2022.

BUROCCO, Laura. Afrofuturismo e o devir negro do mundo. Arte & Ensaios: revista do PPGAV/EBA/UFRJ. n. 38, julho, 2019, p. 48-59.

CAMPOS, Luiz Augusto. Multiculturalismos: essencialismo e antiessencialismo em Kymlicka, Young e Parekh. Sociologias, Porto Alegre, ano 18, no 42, maio/agosto, 2016, p. 266-293.

CANCLINI, Néstor García. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da Modernidade. São Paulo: EDUSP, 2019.

DERY, Mark. De volta para o Afruturo: entrevistas com Samuel Delany, Greg Tate e Tricia Rose. In: AMORIM, Tomaz (Org.). Ponto Virgulina #1: Afrofuturismo, 2020, p. 14-65.

DERY, Mark. Afrofuturismo reloaded. In: AMORIM, Tomaz (Org.). Ponto Virgulina #1: Afrofuturismo, 2020, p. 186-197.

DIAS, Jéssica Cristina do Nascimento; RODRIGUES, Márcio dos Santos. Por uma genealogia do afrofuturismo. Kwanissa, São Luís, v. 4, n. 7, Dossiê: Estudos africanos e Afro-brasileiros: pesquisas da primeira turma, 2021, p. 271-293.

EDWARDS, Brent. The Uses of Diaspora. Social Text 66, v. 19, n. 1, 2001, p. 45-74.

ESHUN, Kodwo. Mais considerações sobre afrofuturismo. In: FREITAS, Kênia (Org). Afrofuturismo: cinema e música em uma diáspora intergaláctica. São Paulo: 2015, p. 44-61.

FRASER, Nancy. Redistribuição ou reconhecimento? Classe e status na sociedade contemporânea. In: Interseções – Revista de Estudos Interdisciplinares, jan.-jun., 2002, v. 4, n. 1, p. 7-32.

FREITAS, Kênia. Introdução. In: FREITAS, Kênia (Org.). Afrofuturismo: cinema e música em uma diáspora intergaláctica. São Paulo: 2015, p. 5-7.

FREITAS, Kênia; MESSIAS, José. O futuro será negro ou não será: Afrofuturismo versus Afropessimismo - as distopias do presente. Imagofagia, n. 17, 2018.

GILROY, Paul. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo: Editora 34; Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, 2012.

GOBATTO, Marco Aurélio. Morris Weitz e seu pensamento sobre teoria estética: uma influência de Wittgenstein na filosofia analítica da arte. In: Kínesis, Vol. XII, n° 31, julho, 2020, p. 1-13.

HALL, Stuart. Cultura e Representação. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; Apicuri, 2016a.

HALL, Stuart. Culture, Resistance and Struggle. In: Cultural Studies 1983: a theoretical history. Duke University: 2016b, p. 180-206.

HIRANO, Luis Felipe Kojima. “Branco sai, preto fica”: a crise da figura do mediador humano. Novos Estudos CEBRAP, 103, nov., 2015, p. 219-226.

HOOKS, Bell. An aesthetic of blackness: strange and oppositional. Lennox Avenue: a journal of interarts inquiry, v. 1, 2018, p. 65-72.

IMARISHA, Walidah. Reescrevendo o futuro: usando ficção científica para rever a justiça. In: AMORIM, Tomaz (Org.). Ponto Virgulina #1: Afrofuturismo, 2020, p. 254-263.

KABRAL, Fábio. Afrofuturismo: ensaio sobre narrativas, definições, mitologia e heroísmo. In: LIMA, Emanuel; SANTOS, Fernanda; NAKASHIMA, Henry; TEDESCHI, Losandro (Orgs.). Ensaios sobre racismos: pensamento de fronteira. Balão Editorial: 2019, p. 104-115.

KYMLICKA, Will. Contemporary political philosophy: an introduction. Oxford and New York: Clarendon Press; Oxford University Press, 1990.

LIMA, Raquel. Afrofuturismo: a construção de uma estética [artística e política] pós-abissal. In: 7th Afroeuropeans Network Conference, Lisbon: 2019, p. 1-21.

MEDEIROS, Priscila Martins de. Diáspora africana e artes: os debates recentes no NEAB-UFSCar para uma nova agenda de pesquisa. In: MEDEIROS, Priscila Martins, et. al. E agora falamos nós: os 30 anos de história do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFSCar. São Carlos: EdUFSCar, 2023, p. 347-367.

MOMBAÇA, Jota. A plantação cognitiva. MASP Afterall: Arte e descolonização, São Paulo, 2020, p. 1-12.

NELSON, Alondra. Introdução a Future Text. In: AMORIM, Tomaz (Org.). Ponto Virgulina #1: Afrofuturismo, 2020, p. 66-91.

PAREKH, Bhikhu. Rethinking Multiculturalism: Cultural Diversity and Political Theory. Londres: Macmillan Press, 2000.

SILVÉRIO, Valter. Agência criativa negra: rejeições articuladas e reconfigurações do racismo. São Paulo: Intermeios, 2022.

SILVÉRIO, Valter; HOFBAUER, Andreas; KAWAKAMI, Erica Aparecida; FLOR, Cauê Gomes. “Diáspora Africana”: caminhando entre genealogias, abrindo novos horizontes. Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar, v. 10, n. 3, set.- dez. 2020, p. 877-902.

YOUNG, Marion. Inclusion and democracy. Oxford; New York: Oxford University Press, 2000.

ZELEZA, Paul Tiyambe. African Diaspora. In: New Dictionary of the history of ideas, edited by Maryanne Cline Horowitz. Farmington Hill: Thomson Gale, 2005, p. 578-584.

Downloads

Publicado

2025-12-19