Práticas Ancestrais de Cuidado à Puérpera

Redes de apoio, percepções e vivências de mulheres negras

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14244./2238-3069.2023/6

Palavras-chave:

Redes de apoio, Pós-parto, Determinantes sociais da saúde, Promoção à saúde, desigualdades raciais

Resumo

O ciclo gravídico-puerperal apresenta desafios singulares para mulheres negras. O objetivo deste artigo é compreender as vivências e percepções sobre a maternidade de mulheres negras que optaram por apoiar mães trabalhadoras e estudantes vulneráveis, baseando-se em suas próprias experiências. Estudo qualitativo, com técnica de narrativas, com seis mulheres negras que participaram do projeto de extensão Abrace seu mundo. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, analisadas de acordo com o conteúdo. Os resultados mostraram que as práticas ancestrais facilitam a vivência do puerpério e aumentam a independência da mulher. Ter uma rede de apoio é determinante para um desfecho positivo, podendo ressignificar a percepção da maternidade, influenciando na motivação dessas mulheres para estarem em projetos de apoio a puérperas.

Biografia do Autor

Fernanda Cockell, UFMG

Graduada em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (2001), Mestre (2004) e doutora (2008) em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos-SP, tendo realizado Pós-doutorado em Sociologia do Trabalho no Departamento de Sociologia na mesma instituição com bolsa Fapesp e estágio de pós- doutoramento na Escola de Sociologia e Políticas Públicas (ESPP) do Instituto Universitário de Lisboa. Atualmente é Professora Associada 2 da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), vinculada ao Departamento de Sociologia. Tem experiência na área de Saúde do Trabalhador e Políticas Públicas atuando principalmente nos seguintes temas: saúde do trabalhador, redes de apoio, sociologia do trabalho, sociologia da saúde e da doença, informalidade, funcionalidade (CIF), justiça social, corpo e território, equidade racial e promoção a saúde. Esteve em licença maternidade em 2012 e 2014.

Deborah Aparecida Inocêncio Alves da Silva, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

Possui ensino-medio-segundo-graupela E.E. Profª Ayr Picanço Barbosa de Almeida(2012). Tem experiência na área de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, com ênfase em Fisioterapia.

Referências

ASSUNÇÃO, Helena Santos. Dar a ver o indizível: as capulanas no norte de Moçambique. In: Revista de Antropologia, v. 66, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.188052. Acesso em 15 nov. 2023.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70. Lisboa, 2011.

BRASIL. Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra - Número Especial - Vol.1, Out.2023 - Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.

CABRAL, Caroline Sousa et al. Inserção de um grupo virtual na rede social de apoio ao aleitamento materno exclusivo de mulheres após a alta hospitalar. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 24, p. e190688, 2020. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/icse/2020.v24/e190688/pt. Acesso em 03 nov. 2023.

COLLINS, Patricia Hill. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. São Paulo: Boitempo editorial, 2019.

CONDE‐AGUDELO, Agustin; BELIZÁN, José M.; DIAZ‐ROSSELLO, José. Cochrane review: kangaroo mother care to reduce morbidity and mortality in low birthweight infants. In: Evidence‐Based Child Health: A Cochrane Review Journal, v. 7, n. 2, p. 760-876, 2012. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21412879. Acesso em 03 nov. 2023.

CREMONESE, Luiza et al. Social support from the perspective of postpartum adolescents. In: Escola Anna Nery, v. 21, 2017.

DE ANDRADE NUNES, Nilza Rogéria. Mulher de favela: interseccionalidades e territorialidades. In: Revista Em Pauta: teoria social e realidade contemporânea, v. 19, n. 47, 2021. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaempauta/article/view/56073/3671. Acesso em 20 out.2023.

D'ORSI, Eleonora et al. Desigualdades sociais e satisfação das mulheres com o atendimento ao parto no Brasil: estudo nacional de base hospitalar. In: Cadernos de Saúde Pública, v. 30, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00087813. Acesso em: 22 out. 2023.

DOS SANTOS, Jussara Francisca de Assis. Enfrentamento à violência obstétrica: contribuições do movimento de mulheres negras brasileiras. In: Revista Em Pauta: teoria social e realidade contemporânea, v. 19, n. 47, 2021. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaempauta/article/view/56073/36716 Acesso em 20 out. 2023.

ESTUMANO, Vanessa Kelly Cardoso et al. Violência obstétrica no Brasil: casos cada vez mais frequentes. In: Revista Recien-Revista Científica de Enfermagem, v. 7, n. 19, p. 83-91, 2017. Disponível em: http://www.recien.com.br/index.php/Recien/article/view/126 Acesso em: 18 nov. 2023.

HOLANDA, Cristyanne Samara Miranda de et al. Estratégias de desenvolvimento, acompanhamento e avaliação do atendimento da gestante no ciclo gravídico-puerperal. In: Revista Panamericana de Salud Pública, v. 37, n. 6, 2015.

LEAL, Maria do Carmo et al. A cor da dor: iniquidades raciais na atenção pré-natal e ao parto no Brasil. In: Cadernos de Saúde Pública, v. 33, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00078816 Acesso em 14 nov. 2023.

LIMA, Kelly Diogo de. Raça e Violência Obstétrica no Brasil. 2016. 24 p. Monografia (Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva) - Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2016. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/18547. Acesso em 6 nov. 2023.

LÔBO, J.; SOUZA, Izabela Fernandes de. Na encruzilhada da maternidade negra. In: XIII Reunião de antropologia do Mercosul. Anais 8ª Reunião de Antropologia do Mercosul, 2019.

MARCONDES, Mariana Mazzini Organizadora et al. Dossiê mulheres negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil. 2013. Disponível em: https://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/3039. Acesso em 05 nov. 2023.

MARSTON, Joan M. The spirit of “Ubuntu” in children's palliative care. In: Journal of Pain and Symptom Management, v. 50, n. 3, 2015. Disponível em: https://www.jpsmjournal.com/article/S0885-3924(15)00328-0/fulltext. Acesso em 20 out. 2023.

MORON, Juddy Garcez. Mães nos movimentos sociais: um estudo comparado sobre as mães da praça de maio e os clubes de mães da zona sul de São Paulo. In: Revista Espirales, 2021. Disponível em: https://revistas.unila.edu.br/espirales/article/view/2683/2469. Acesso em 27 out. 2023.

OLIVEIRA, Beatriz Muccini Costa; KUBIAK, Fabiana. Racismo institucional e a saúde da mulher negra: uma análise da produção científica brasileira. In: Saúde em Debate, v. 43, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-1104201912222. Acesso em 23 out.2023.

OLIVEIRA, Maíra Ribeiro de; DESSEN, Maria Auxiliadora. Alterações na rede social de apoio durante a gestação e o nascimento de filhos. In: Estudos de Psicologia (Campinas), v. 29, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-166X2012000100009. Acesso em: 15 nov. 2023.

OLIVEIRA, Thais Gomes de; BATTISTELLI, Bruna Moraes; CRUZ, Lilian Rodrigues da. Cuidado, maternidade e racismo: reflexões entre Psicologia e Assistência Social. In: Psi Unisc. Santa Cruz do Sul. v. 3, n. 2, 2019. Disponível em https://doi.org/10.1590/0103-1104201912222. Acesso em: 15 nov. 2023.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Prevenção e eliminação de abusos, desrespeito e maus-tratos durante o parto em instituições de saúde. Genebra, Suíça: OMS, 2014. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/134588/WHO_RHR_14.23_por.pdf;jsessionid=A4FD569CB35A37A94BF9AA7BC99784CF?sequence=3. Acesso em 02 nov.2023.

PRATES, Lisie Alende; SCHMALFUSS, Joice Moreira; LIPINSKI, Jussara Mendes. Rede de apoio social de puérperas na prática da amamentação. In:Escola Anna Nery, v. 19, p. 310-315, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.5935/1414-8145.2015004. Acesso em: 15 nov.2023.

RAPOPORT, Andrea; PICCININI, César Augusto. Apoio social e experiência da maternidade. In: Journal of Human Growth and Development, v. 16, n. 1, p. 85-96, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.7322/jhgd.19783. Acesso em: 15 nov.2023.

SANTOS, Francisco Coelho dos; CYPRIANO, Cristina Petersen. Redes sociais, redes de sociabilidade. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 29, p. 63-78, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v29n85/05.pdf. Acesso em: 13 nov.2023.

SANTOS, José Alcides Figueiredo. A interação estrutural entre a desigualdade de raça e de gênero no Brasil. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 24, 2009. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-69092009000200003. Acesso em: 18 nov. 2023

SENTURK, Vesile et al. Impact of perinatal somatic and common mental disorder symptoms on functioning in Ethiopian women: the P-MaMiE population-based cohort study. In: Journal of affective disorders, v. 136, n. 3, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jad.2011.11.028. Acesso em: 13 nov. 2023.

SILVA, Fabiana Carneiro da. Maternidade negra em um defeito de cor: a representação literária como disrupção do nacionalismo. In: Estudos de literatura brasileira contemporânea, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/10.1590/2316-40185414. Acesso em: 15 out. 2023.

SILVA, Graziella Moraes; LEÃO, Luciana T. O paradoxo da mistura: identidades, desigualdades e percepção de discriminação entre brasileiros pardos. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 27, 2012. Disponível em: https://doi. In: org/10.1590/S0102-69092012000300007. Acesso em: 24 out. 2023.

SILVEIRA, Carla et al. In: International Journal of Gynecology & Obstetrics, v. 134, n. 1, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ijgo.2015.10.027. Acesso em: 23 out. 2023.

SOMÉ, Sobonfu. O espírito da intimidade: ensinamentos ancestrais africanos sobre maneiras de se relacionar. São Paulo: Odysseus, 2007.

SOUZA, Leticia Gomes et al. Mulheres negras e Necropolítica: como enfrentam a morte de seus filhos?. In: Revista Psicologia, Diversidade e Saúde, v. 9, n. 3, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.17267/2317-3394rpds.v9i3.3096. Acesso em: 28 out. 2023.

VASCONCELLOS, Mauricio Teixeira Leite de et al. Desenho da amostra Nascer no Brasil: pesquisa nacional sobre parto e nascimento. In: Cadernos de saúde pública, v. 30, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00176013. Acesso em: 19 out. 2023.

XAVIER, Giovana. Você pode substituir mulheres negras como objeto de estudo por mulheres negras contando sua própria história. Rio de Janeiro: Malê, 2019.

WERNECK, Jurema. Racismo institucional e saúde da população negra. In: Saúde e sociedade, v. 25, p. 535-549, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v25n3/1984-0470-sausoc-25-03-00535.pdf. Acesso em: 17 set. 2023.

Downloads

Publicado

2024-03-08

Edição

v. 12 n. 1 (2023): Mulheres às margens e em luta por estratégias cotidianas de sobrevivência

Seção

Dossiê

Licença

Copyright (c) 2024 Fernanda Cockell, Deborah Aparecida Inocêncio Alves da Silva

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

Procedimentos para o envio dos manuscritos

Ao enviar seu manuscrito o(s) autor(es) está(rão) automaticamente: a) autorizando o processo editorial do manuscrito; b) garantindo de que todos os procedimentos éticos exigidos foram atendidos; c) compartilha os direitos autorais do manuscrito com a revista Áskesis; d) admitindo que houve revisão cuidadosa do texto com relação ao português e à digitação; título, e subtítulo (se houver) em português; resumo na língua do texto, com as mesmas características; palavras-chave inseridas logo abaixo do resumo, além de keywords para o abstract; apresentação dos elementos descritivos das referências utilizadas no texto, que permitam sua identificação individual; observação das normas de publicação para garantir a qualidade e tornar o processo editorial mais ágil.

Ao submeter o manuscrito deve ser informado (no portal SEER)  nome, endereço, e-mail e telefone do autor a contatar e dos demais autores. Forma de Apresentação dos Manuscritos O título deverá ser apresentado em português e inglês.

A apresentação dos originais deverá seguir as normas da Revista Áskesis e, quando não contempladas, seguir as normas atualizadas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Recomenda-se a consulta principalmente às normas NBR 10.520/02 – Citações em documentos; NBR 6024/03 – Numeração progressiva das seções de um documento; NBR 6023/02 – Referências; NBR 6028/03 – Resumos; NBR 6022/03 –Artigo em publicação periódica científica impressa - Apresentação. Nota: Os resumos que acompanham os documentos devem ser de caráter informativo, apresentando elementos sobre as finalidades, metodologia, resultados e conclusões do estudo.

Figuras, tabelas, quadros, etc., devem ser apresentadas uma em cada página, acompanhadas das respectivas legendas e títulos. As figuras e tabelas não devem exceder 17,5 cm de largura por 23,5 cm de comprimento. Devem ser, preferencialmente, elaboradas no Word/Windows. Não serão aceitas figuras gráficas com cores ou padrões rebuscados que possam ser confundidos entre si, quando da editoração da revista. Se aceito, as figuras e tabelas devem ser enviadas separadamente, via e-mail, para o precesso de diagramação, com suas respectivas legendas explicativas.