A doutrina da ROTA: o ethos do “Policial de ROTA”

Autores

  • Henrique de Linica dos Santos Macedo Macedo Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos

DOI:

https://doi.org/10.46269/8119.339

Palavras-chave:

ROTA, Polícia Militar, Moralidades, Doutrina

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar a doutrina das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA), destacando a moralidade nela descrita e imposta. A “Doutrina de ROTA”, categoria nativa dos sujeitos da pesquisa, carrega em si uma série de histórias e prescrições morais que orientam as práticas profissionais e pessoais dos policiais que pertencem a este batalhão da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP). Neste sentido, a “doutrina de ROTA” passa a ser uma cruzada moral dos policiais, uma forma constante de ação que demonstra uma resistência a mudanças sociais e institucionais. Ao analisar a produção bibliográfica de policiais que já passaram pelo batalhão, além de outras fontes discursivas colhidas durante a realização do campo, constatou-se que um padrão discursivo que sempre evocava a “doutrina de ROTA”, uma forma organizacional de organizar e consolidar uma forma de “fazer polícia”. Contudo, essa uniformização demonstrou uma forma política e militarizada de conduzir práticas e disputar moralidades, seja internamente na PMESP, seja na sociedade. O resultado de pesquisa demonstrou como essa dinâmica interna produziu uma visão de mundo que busca uma uniformização de condutas, cujo objetivo é ressaltar a imagem

Biografia do Autor

Henrique de Linica dos Santos Macedo Macedo, Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos

Doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar. É mestre em sociologia pela mesma instituição, trabalha com a temática a mais de oito anos. Membro do Grupo de Estudos sobre Violência e Administração de Conflitos (GEVAC).

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Publicado

2019-04-07